domingo, 22 de março de 2009

Atleta: ser ou não ser?


A vida é recheada de obstáculos.

O ser humano, animal iluminado pelo dom da consciência, e sobretudo, do discernimento, sempre teve dentro de si o sentimento da superação.

A superação é o obstáculo primordial do desafio. Com a filosofia, o homem descobriu que o pensamento é uma força criadora. Todas as coisas que um homem pretende realizar em sua vida, primeiro ele a cria mentalmente, e, em seguida, articula os mecanismos que possam tornar a idealização em realidade.


No Brasil, país onde as coisas tem uma dimensão de dificuldade muito maior do que se aparenta, e onde a crença de que competir é mais importante do que a vitória, o conhecimento é desvalorizado e muitas vezes subjugado.

Não que o conhecimento seja o bastião da salvação ou mesmo a única solução para todos os males que atingem tanto a nossa sociedade como o mundo. Porém, como diz Ernesto Guevara, um povo sem conhecimento é um povo mais fácil de enganar.

Engano. Ilusão. Duas palavras irmãs. Que caminham lado a lado e apontam em direção a um abismo de frustrações, tristezas e lágrimas.

Porém, o brasileiro, ser raro e único, com identidade e história, tem no seu íntimo um sentimento muito raro e importante: a esperança.

A esperança andando de mãos dadas com o talento mostram um caminho diferente. E o futebol se mostra uma forma de estravasamento e oportunidade aos mais humildes. Não que o futebol seja uma solução. Também não é isso.

A perfeição seria uma tabelinha entre conhecimento e prática esportiva. Um jogador consciente, capaz de discernir e discutir, consegue muito bem se afastar dos urubus que, invariavelmente, vão querer se aproveitar de seus talentos.

Enquanto que para aqueles dedicados ao sublime deleite dos livros e a elevação do raciocínio nas busca de respostas para esse enigma chamado vida, a prática esportiva é importantíssima. O sedentarismo leva a obesidade. A obesidade leva a doenças. E as doenças, dependendo, podem comprometer a vida.

Porém, ao atleta profissional, a vida não é fácil. Ela envolve altos e baixos, alegrias e tristezas, euforias e decepções. Uma verdadeira confusão.

Mas as recompensas são várias. Carros bons, casas, luxo, viagens, glamour, notoriedade e fama são alguns dos componentes dos atletas de elite. Todavia, tudo isso tem um tempo de validade e se encerra tão rápido quanto um abrir e fechar de olhos.

O que o atleta será ao abandonar o ofício?

Sem dúvida, há uma enorme crise de identidade. Não há mais o grito das arqujibancadas, nem as camisetas nas ruas com pessoas comuns usando a sua camisa de campo com seu nome estampado nas costas.

Esse é um ponto em que a vida esportiva é ingrata. Cruel até.

Todavia, o talento é algo único. É seu. Ninguém pode te tirar. Realizar o seu sonho, torná-lo real, palpável, é um sentimento único de completude e felicidade.

Encerra-se a carreira. Mas não a vida.

Ela segue e nos pede que sigamos em frente e encontremos novos desafios. Desafios que se vencidos nos tornam melhores, mais tolerantes, e ainda mais felizes.

A vida é simples. O ser humano é que a complica quase sempre.

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